sexta-feira, dezembro 26, 2003

O BELICISMO GAY

A imagem do "gay belicista", não só é difícil de imaginar como pertence, sem dúvida, à categoria dos chamados "oximoros" (figura de retórica que consiste em reunir no mesmo conceito, palavras de sentido contraditório). Um bêbado quezilento, um vigarista agressivo ou um espanhol filho da puta são conceitos pacíficos, mais que plausíveis: frequentes. Mas o tal "gay belicoso", decididamente, remete para a ordem do mirabolante. Todavia, como em Portugal parece que o Entroncamento se transferiu para Lisboa, sucedem-se os fenómenos. As abóboras e hortaliças gigantes não só crescem acima do metro e meio, como deambulam e falam. E com tal desenvoltura que conseguem mesmo ser eleitas para cargos governativos.
Vem tudo isto a propósito da notícia que dá os bravos GNRs lusitanos no Iraque, não em representação dum país, mas de dois ministérios, sendo um deles o da Defesa. Surpreendente, não é?...
Até porque não há muito tempo, o digno ministro da Defesa tinha condecorado os heróicos prisioneiros de guerra portugueses que se haviam rendido ás forças da União Indiana, nos finais de 50, aquando da queda de Goa, Damão e Diu. Condecorar tipos que se rendem, na sua grande maioria sem disparar um tiro, é, no mínimo insólito. Mas corresponde ao perfil e à concepção "gay" dum conflito e dum exército. É, sem qualquer dúvida, um prémio à passividade e à mariquice. "Vale mais um maricas vivo, que um herói morto", deve ter sido o lema gravado nas medalhas distribuídas. Ao mesmo tempo, olha-se de revés e com rancor para todos os ferrabrazes históricos, brutamontes da igualha dum Decepado, Albuquerque, Nun'Ávares, Afonso Henriques e quejandos, gentinha que, a seu tempo, competirá menoscabar e cobrir de opróbrio (até porque existiram em épocas bárbaras, não-históricas, pois anteriores à fundação dos Estados Unidos da América, marco efectivo e indiscutível do início da História - em resumo: tudo figuras que nem sequer existem nos anais de Hollywood!)...Portanto, até aqui, tudo normal, dentro da anormalidade. Em vez do heroísmo, da bravura, do feito inaudito, como se faz em qualquer país vertebrado, condecorava-se a pusilanimidade, a resignação, a fraqueza (pra não dizer, a cobardia), como é digno duma nação de moluscos.
Mas eis que agora, para espanto geral e contradição dos seus próprios princípios, o Ministra envia GNRs armados até aos dentes com ordem para matar. Por um lado compreende-se a lógica: quando fôr para bater em desgraçados e tivermos as costas quentes, toca a ser valente e audaz. Convém estar na linha da frente.
Mas por outro, aberto o precedente, corre-se um sério risco: é de que os funcionários da Guarda, anelantes de condecorações ou destaques no seu curriculum, mal se lhes depare o inimigo, em acção beligerante, corram a fazer-se reféns, prisioneiros ou, sabe-se lá!, até amantes!... Tudo isto heroicamente, claro está.

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