sexta-feira, fevereiro 01, 2008

O Rei morreu. Viva o rei!...

Dizem-se republicanos, proclamam-se democratas. Mas não passam de sopeiras ideológicas, mulherzinhas-a-dias do Poder fardadas para a faxina politica. Equipadas de avental do Progresso e armadas de balde e esfregona da Moda, esgotam-se na lavagem da memória do povo. Derreiam-se na escovagem e desinfecção da história. Limpam o verdete e puxam lustro aos bibelôs da infâmia, às fancarias e porcelanas de importação. Prostram-se, em êxtase, diante do penico do ministro.
Que uma súcia de serviçais e lavadeiras destas não lhe preste qualquer tipo de respeito, ao rei chacinado, só faz é honrá-lo e engrandecê-lo aos olhos dos portugueses. Que, em contrapartida, canonizem os seus magarefes e façam deles heróis tribais só cumpre os preceitos e simpatias da classe e, em perfeita sincronia, abona da coerência da seita. Cada qual vê e reflecte consoante a altura lhe permite. Há quem respeite símbolos; e há quem adore espelhos. Um homem presta continência a um rei, mesmo morto, mesmo deposto como o faria à bandeira ou ao hino do seu país. Um pau mandado, um lacaio, um jagunço de aluguer, naturalmente, rende homenagem e reimprime-se noutro da sua igualha. No fundo, glorifica-se a si mesmo à distância. É justo. Os homens buscam reflexos dos deuses; os macacos contentam-se com reflexos seus na superfície estagnada de qualquer charco.
Compreender isto não é difícil. Nem sequer é preciso ser monárquico. Basta não ser uma pigmeuzinho mental - se bem que gigante na pulhice. E na abjecção.

3 comentários:

Afonso Henriques disse...

Palavras para quê!?
Grande abraço!
(e cumprimentos da Sancha que ouviu ler o post em alta voz enquanto pilotava mortalhas e tabaco de enrolar)

zazie disse...

Excelente, Dragão.

Waco disse...

Um pequeno exercício.

Fazer-se o mesmo em relação ao Álvaro Cunhal.

Imaginam?

Pois.