sábado, fevereiro 09, 2008

Sem luvas

«Acinetobacter baumannii» - decorem este nome. Parece que é o novo tamagogi das tropas norte-americanas no Iraque e Afeganistão. Está a ser distribuído gratuitamente aos hominícolas. São excelentes laboratórios, estes modernos açougues mascarados de guerras. Enquanto as cobaias se trucidam, o mundo pula e avança.
Entretanto, sobre a tortura em regime de outsourcing eu já aqui tinha falado. Mas nunca é demais falar. Para o engenho humano todos os encómios nunca serão bastantes. Vícios e pecados públicos, privadas virtudes.
De facto, a panaceia global chama-se "liberalização". Andam nisso já há um bom tempo. Segundo esta nova moral campeã, o genocídio, a carnificina ou a tortura, para além de outras trivialidades coalescentes, são hediondos quando praticados por nações, estados ou pessoas individuais. Todavia, são perfeitamente normais e necessários, bem como inimputáveis, benignos e civilizados, quando perpetrados por empresas e sociedades anónimas.
O que me transporta a uma curiosa constatação: aqueles que mais barafustam e se encabrestam contra o anonimato nas coisas insignificantes (como escrever blogues, postais ou grafitis avulsos), são os mesmos que menos se afligem com o anonimato que dirige e tripudia o mundo. É caso para dizer: escandaliza-os o pentelho na sopa, mas não os apoquenta minimamente o poste telefónico pelo cu acima.
Há gente que só não se lhe deve escarrar em cima poque depois nos acusariam de homicídio. Por afogamento.

3 comentários:

Anónimo disse...

Agora já se lê muito melhor, caro Dragão. Agora só falta arranjar a imagem do cabeçalho e completar o nome do blogue: agora só se lê "dragoscó" , o que significa que lhe falta o "pio". Ora, isso é que não pode deixar que lhe aconteça de modo nenhum. :)

Ludovico Cardo disse...

"É caso para dizer: escandaliza-os o pentelho na sopa, mas não os apoquenta minimamente o poste telefónico pelo cu acima." - esta vai para a minha lista de excelentes frases, vou tornar esta frase conhecida.

Anónimo disse...

Drago, ia escrever o mesmo, eheh!