domingo, fevereiro 13, 2011

Em bom Portugês - III. Os Retardados Morais

Então é o quê? Pura chutzpah - eu traduzo: pura desfaçatez estanhada e atávica? Cito até um paradigma anedótico mundialmente famoso: um judeu vai a tribunal depois de ter assassinado o pai e a mãe, e apela como atenuante maior a situação de se encontrar órfão... (são os judeus que assim galhofam acerca deles próprios)...
Mas devo reconhecer, a bem da verdade, que até nem são, maioritariamente, os judeus (se é que um gajo no meio de toda esta mixórdia palrante ainda consegue discernir papagaio de caturro) que se prestam a estes figurinismos da treta. Não; são, quase sempre, aquilo a que eu chamo de retardados morais. Os requentados palhadinos da pretérita e putativa vítima. Requentados e escantados, sobretudo. Com escarépio na mioleira infectada pelas redacções a reclamar zaragatoa da grossa. Agora que já não há nazis, que o nazismo foi pulverizado e terraplenado até ao entulho e cinza, é que eles vêem nazis por toda a parte, como se de um misto de bolor e gambozino se tratasse. Agora que já passou, que está morto e enterrado, é que eles montam guarda, nocturna, diurna e mediurna! É que eles espiolham, esquadrinham, farejam e plantam cruzes suásticas ao desbarato! Plantam, que é como quem diz: colam a cuspo. Agora que o assunto já é presunto é que eles patrulham, policiam e zumbem, à maneira das varejeiras, de roda do assunto. É que ruminam e regurgitam a matéria. Agora é que eles gritam: "agarrem-me! segurem-me! senão eu desgraço-me!..." Podem chacinar, genocidar e sarrafaçalar à fartazana no presente, que eles não vêem, não estão, já deram e, acima de tudo, estão de plantão ao massacre excepcionalíssimo, granfiníssimo, alambicadérrimo do passado. Não pensam porque estão ocupadíssimos a não esquecer. Entenda-se: bobis a bobinar e rebobinar a cassete. A ladrar ao passante incauto: "Nunca mais!"
Nunca mais, o caralho! É todos os dias, se preciso for. O mesmo Caim de roda dum qualquer Abel, a mesma filha-da-putice ultra-estanhada e entranhada até à quinta casa. A mesma crueldade viçosa e javarda. Especialmente vigorosa para com o indefeso. Especialmente imaculada se exercida em nome do Santo Mercado. Só que doravante, e com uma frequência bem pouco edificante, a vítima profissional emula o carrasco-fetiche. Copia-lhe os tiques, os ademanes necrobióticos. Calça-lhe as luvas, as botas e o chicote. Triste amostra de humanidade. Digna de inveja? Só se for às hienas e às ratazanas.
No circo fariseu em que descambou o mundo, estas focas apenas empinam a bola ética no alto do focinho habilidoso porque acreditam, pavlovianamente, que vão ganhar um qualquer peixe com isso.

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