quinta-feira, agosto 16, 2012

A obviofobia do obtuso


Afinal de contas, a Islândia é que tinha razão. Mas quando reina e campeia o obtuso, torna-se interdito o óbvio.
E o óbvio bradava à evidência: depois de décadas de lucro fácil e saque rápido no casino da finança, os mesmos que arrecadaram os ganhos fabulosos que arcassem agora com as inerentes e fatais perdas. Se eu for ao casino Estoril e estoirar lá o orçamento da família, ninguém atura que eu vá requerer depois reembolso às Finanças, pois não?

2 comentários:

Diogo disse...

«os mesmos que arrecadaram os ganhos fabulosos que arcassem agora com as inerentes e fatais perdas»


Eles não perderam nada. Os bancos comerciais espalhados pelo planeta nada mais são do que simples agências do monopólio bancário mundial. Eles não ganharam foi tanto como queriam na Islândia.

Anónimo disse...

FMI: "Resgate à Islândia tem lições a dar aos países em crise".
Política de um Estado que soube usar a sua soberania democrática tem lições a dar aos países em crise: transferir alguns dos custos do ajustamento para os credores, instituir controlos de capitais, manter a protecção social e recorrer a uma política cambial assente na desvalorização da moeda fazem parte do menu. Por contraste com a destrutiva desvalorização interna em curso nos países sem soberania, através da quebra dos salários nominais e do desemprego de massas permanente, esta opção islandesa revelou-se mais rápida e eficaz a estimular exportações e a desincentivar importações, com efeitos favoráveis na procura, teve custos para os trabalhadores, em termos de quebra dos salários reais, incomparavelmente menores e reversíveis, evitou a destruição de emprego em curso no euro-sul e não exigiu alterações regressivas nas regras laborais e sociais com efeitos negativos permanentes na correlação das forças sociais, um elemento decisivo da economia política da nossa desvalorização interna. Muitas lições. Só falta quem as queira aprender.