segunda-feira, outubro 17, 2016

Dilã ou não dilã, eis a questã




A senhora dona Amália tinha uma grande voz e sabia usá-la. Digo isto com o a vontade completo de quem não aprecia fado. Muito menos na forma actual de enxurrada (excepção à Ana Moura , que me faz babar não sei porquê, mas desconfio que não é pela música). O equivalente masculino no rock (alguém com uma grande voz e a saber utilizá-la com mestria ímpar) será qualquer coisa como Jim Morrison. Nos quase antípodas estará Bob Dylan . E digo quase, porque embora Dylan não tivesse voz que se apresentasse a uma plateia, soube usá-la em alguns momentos (ainda uns quantos) de forma empolgante. Ora, isso requer talento. Portanto, se quisermos ser justos (estou-me nas tintas para o pedigree, embora os escandinados não estejam), o tipo, já no fim da vida, não merecia de todo uma desfeita destas: atirarem-lhe  com o Nobel ou com um monte de bosta  vai dar exactamente ao mesmo. Aliás, o esterco seria até menos conspurcante. E ele é fino o bastante para saber disso. De tal modo, que nem se digna responder aos lança-nóbeis de cordel e alguidar. No que só ascende na minha consideração. Espero que faça como o Sartre (no único gesto digno que teve em toda a sua deplorável existência) e os mande enfiar o prémio pelo esfíncter acima.
Todavia, Dylan também produziu merdas intragáveis como "The times are não sei quê" e "Bufando no Vento" - duas porcarias que, só por si, mereciam, além do Nobel da literatura, também o da medicina, no mínimo, porventura em complemento àquele Nobel que concederam ao inventor da lobotomia (porque, no fundo, é "musica" para pré e pós-lobotomizados - suspeito que se trata mesmo duma forma camuflada de lobotomia acústica, dispensando cirurgia  ablativa.). E, para cúmulo, a criatura, em interlúdio obsessivo às arranhadelas nem sempre inspiradas da sua folk guitar (cuspo, escarro, nojo!), ainda ousava o requinte  sórdido (e próximo da guincharia inaturável) de soprar descabelantemente na porcaria duma harmónica, de cuja execução técnica não fazia a mais pequena ideia. O próprio técnico de gravação, mais o produtor, colaboravam no estrídulo festim, registando  o estafermado instrumento num tom e timbre que só quem alguma vez acompanhou ao vivo a matança tradicional de porco pôde experimentar tortura equivalente pelas trompas do eustáquio. Se juntarmos a isto o estatuto de pilar activista da contra-cultura americórnia dos anos 60, (afinal, estamos a falar do maior "baladeiro de protesto" dos States), então, teremos que reconhecer que se, por um lado (o estético), não merecia, por outro (o político), estava até habilitado. Bastante quiçá. Mas sem chegar sequer aos calcanhares - nem por sombras! -do José Rodrigues dos Santos, um pencudo beiçolas o aperfilhe!.
À margem de tudo isto, ou nem tanto, Dylan não tem culpa (apenas responsabilidade) de, pelos vistos, ter servido de inspiração a alguns geo-estrategas de chinela & sofá. Veio agora a público o que já se suspeitava há muito: foi nas Dylanosas cançonetas de encarquilhar túbaros e fazer mirrar genitálias - as tais "The times are não sei quê" e "Bufando no vento" - que se terão amestrado em história, política e geo-política luso-africana. Inquiridos sobre a matéria, invariavelmente, nem respondem: trauteiam. Ainda mais escarrachados que o guru. É que a "trova do vento que passa" em sendo do outro lado do Atlântico já é catita e amiga do mercado. E afinal, os trotskistas de lá não deram todos em capitalistas neocoisos? E os hippies não eram apenas a fase de casulo da crisálida yuppi? Em Woodstock não estavam apenas  a experimentar o trampolim para a Wall Street e o Stock Exchange? E a contra-cultura não se tornou, afinal, cultura? Só a coca e os speeds por detrás da última crise financeira davam para fazer esqui, slalom gigante e saltos.

PS: De Ornette Coleman, um dos ícones do free jazz (mesmo free à brava), conta-se que um dia, estando ele a tocar num antro de puristas, estes, ofendidos (o pessoal do jazz é fundamentalista avant-talibã e como só os snobs conseguem), interromperam-no abruptamente, bateram-lhe e partiram-lhe o saxofone. O mesmo tratamento devia ter sido ministrado, agora por uma boa causa, ao Dylan sempre que pegava na harmónica. Parti-la, neste caso, era difícil, de tão pequena, mas,ao menos, que a arremessassem para longe, de preferência ao mar ou a um rio próximo.

2 comentários:

Vivendi disse...

E o Nobel da paz sai ou não?

VP Biden Threatens Russia, Moscow Tells Citizens To Check Gas Masks And Bomb Shelters

https://www.lewrockwell.com/2016/10/daisy-luther/check-gas-mask-bomb-shelter/

Anónimo disse...

O dylan e um produto da linhagem do esgoto terrestre. Mas nada de novo, para ver o que realmente representa o prémio ignóbil (nubel - como dizia um tal de comuna, a quem lho entregaram para ver se parava de dizer verdades sobre "deus" e o "povo de deus" ) , basta ver alguns exemplos de outros que o receberam: o macaco obama, o quebra ossos perez, o ladrão de patentes einstein ,... Um principio básico aqui se aplica: quanto mais podre a pestilência maior a probabilidade de ganhar o prémio nubel.

Já agora: os digníssimos e assíduos frequentadores desta casa ainda nao foram assediados pessoalmente por representantes da merda eleita? Nao directamente, mas por intermerdiarios gentios com algum ascendente "eleito" e grande vontade de servir os seus senhores para ganhar pedigree?
Assim bestas quadradas do tipo riccardi, mas aparentemente com alguma boa educação, , tão a ver a coisa?